domingo, 18 de abril de 2010

Minha explicação

A mentira entrou na minha vida eu ainda era uma humilde garotinha indefesa, nem foi vontade minha, ela simplesmente invadiu e ficou.
Começou por volta dos meus poucos 5 anos, logo na esquina da casa onde morávamos, tinha uma casa onde amigos reuniam pra jogar baralho, lá era feio e o povo era horrível, exceto meu pai, “claro” (o pai da gente nunca é pior que os outros, muito menos igual aos mesmos). Minha mãe não gostava desse lugar e detestava que ele ficasse lá 365 dias do ano, então ela dizia: “Vai lá chamar seu pai, e se falar que foi eu que mandei eu te bato!” Lá ia eu, com cara de quem não quer nada e chamava ele, que já ia logo perguntando “Foi sua mãe que mandou vir me chamar é?” na hora eu me lembrava do que dizia minha mãe e respondia, ”claro que não papaizinho querido”. Esse lance nunca dava certo porque, quando eu dizia pra ele que não havia sido ela que me mandou, ele dizia, “então senta aqui e me espera”, daí madrugada era pouco, foi assim durante uns 730 dias, tipo dois anos.
Mudamos pra outra casa, ao lado da casa do meu avô (que Deus o tenha,era ótimo e contava muitas histórias, das quais até hoje não soube identificar a verdadeira), morava ele e minha Vódrasta (Mulher casada com nosso avô, que não é sua avó). Na casa dele tinha um imenso pé de goiaba, a vódrasta não gostava que eu e minha irmã pegasse goiaba nenhuma lá, até hoje não entendi o porquê (suspeito que fosse pelo simples fato de que, a gente pegava sacos e sacos, até as não maduras, levávamos pra casa e não conseguíamos comer e iam parar no lixo). Nisso tudo o primeiro momento da mentira entrava na parte que meu avô deixava a gente entrar escondidas por um buraco no muro do fundo,saímos já no pé de goiaba, a vódrasta colocava uma tábua pra nós não passarmos no buraco, depois ela perguntava “quem tirou a tábua pra vocês passarem?” respondíamos em coro, “ninguém, a gente entrou a senhora estava dormindo e não nos viu” instruídas pelo meu avô, era assim quase todo dia. No dia seguinte estávamos lá novamente saindo com as sacolas gigantes, elas nos parava perguntava a mesma coisa e em seguida, mais uma pergunta com resposta mentirosa, “mas vocês já comeram todas aquelas goiabas de ontem?” aí entrava a segunda parte da mentira, respondíamos “sim”.
Dessas duas etapas de mentiras na minha vida, aprendi o seguinte, eu não mentia; porque era muito óbvio que meu pai, muito menos a vódrasta acreditasse nas minhas respostas, primeiro eu com 5 anos de idade, não iria andar sozinha pela rua sem que minha mãe soubesse, muito menos pra chamar meu pai, que no máximo me colocaria pra dormir quando chegasse em casa, depois a vódrasta, mais óbvio ainda, se na casa moravam só ela e meu avô, quem mais poderia tirar a tábua do lugar pra gente?? E mais, ela nunca estava dormindo e se entrássemos pela sala teríamos que passar pela sala onde ela ficava, não dava pra ficar invisível naquele momento (que, aliás, era um sonho de criança), enfim era tão claro minhas mentiras, que nem considero que eu mentia, eles é que acreditavam.
Passaram mais alguns anos, eu estava conseguindo controlar minha mania de mentir, iniciei meu primeiro emprego aos 13 anos, em um restaurante, depois de um ano trabalhando lá fui pega pela justiça trabalhando naquela idade, adivinha o que me aconteceu, tive que mentir mais ainda, primeiro tentei mentir que eu não trabalhava lá que só ajudava minha amiga que era a esposa do dono, não colou né, claro a mulher tinha 54 anos, porque ela teria uma amiga na minha idade? Sem lógica, não acreditaram, resolvi dizer só a verdade nada mais que a verdade, meu patrão quase morreu de infarto quando eu disse à eles que eu estava ali a mais de 1 ano, trabalhava de domingo à domingo com uma folga no mês, sem benefícios, sem vale transporte, nada de férias, os horários nem eram tão regulares e eu recebia R$80,00 por mês, que na época, assim como hoje era muito, mas muito menos que um salário mínimo. Depois que ele quase foi preso, quase faliu de tanto pagar multas, ele veio pedir pra eu confirmar na justiça o recebimento de um acerto no valor “x” sendo que o valor realmente pago pra mim, havia sido o “y” que era extremamente inferior ao que fora determinado pela justiça. Assim aprendi, que nem sempre a verdade deve ser dita, a mentira não tem esse problema, é mentira mesmo, então tanto faz.
Começava ali, sem que eu soubesse lógico, um eterno carma em minha vida de mentiras, pois depois que eu com apenas 14 anos e meio, tive a ingenuidade e a cara de pau de mentir pra um juiz, durante um julgamento ao meu favor, pra defender o acusado e me desfavorecer financeiramente de um valor que era meu por direito, e ainda assinar confirmando tudo, aí eu parei comigo mesma.
De lá pra cá tem sido assim, uma coisa atrás da outra que me obrigam a mentir, nem dá pra contar tudo aqui, ninguém teria paciência de ler, pra vocês terem uma idéia o trabalho onde fiquei mais tempo em toda minha vida, foi em uma acessória jurídica, rodeada por 17 advogados que instruíam seus clientes na minha frente, depois mudei de departamento e fui pro financeiro da empresa onde eu tinha que fazer cobrança por telefone, e claro contar mentira pra todos inadimplentes, e era uma mentira aterrorizante que deixava muita gente frustrado acreditando nela, era uma linda frase que todo cobrador diz, mas nunca adianta muito, “se você não pagar, vamos ter que executá-lo”. Agora me diz executar o que, se no Brasil as leis defendem plenamente os consumidores, até quando eles nem pagam pelo bem adquirido. Essa é outra mentira que eu nem julgo mentira.
Enfim, no mundo existem milhões de mentirosos, basta a gente idenficar os mentirosos do mau (mau com U, os maus e más), eu faço parte da galera do bem, eu minto pra não deixar alguém muito triste, tipo aquela sua amiga horrível, que passa o dia todo se arrumando e você sabe que não vai adiantar nada, vira e pergunta “ah, eu tô bonita?” eu respondo “hurru, ta lindona!” Minto também quando alguém muito chato, que acaba de te conhecer e acha que faz parte do seu mundo há décadas, começa a te especular coisas demais, nessa hora eu começo a inventar cada mentira sobre onde eu já fui, o que eu fiz, com quem eu estava, são infinitas histórias, na verdade a pessoa nem precisa ser chata, basta eu sentir vontade de soltar uma mentirinha que pronto, lá tô eu mentindo e achando que todo mundo ta acreditando.
O ruim é a parte dos amigos, aqueles que te conhecem há tempos, já sabem que você mente, mas eles nunca souberam identificar suas mentiras, daí começam a achar que tudo que você diz é mentira, pra ver se acerta uma.
Pra esses meus amigos eu tenho um recado;

Bom gente eu parei de mentir, já tô cansada de repetir isso pra vocês, se continuarem repetindo isso por aí, vai ficar difícil eu continuar falando verdades. Acreditem em mim, o que posso fazer se agora que deixei de mentir, acontece cada verdade na minha vida que é difícil acreditar. Assim não dá. Decidi montar esse blog, pra contar todas as mentiras que eu conseguir. SE "SE" SE EU RESOLVER MENTIR VAI SER SÓ AQUI!!

5 comentários:

  1. A única verdade deste post é que ele foi postado às 19:07
    Aliás, tenho minhas dúvidas.
    haha!

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  2. Ri demais, mas depois fiquei na dúvida se eu seria a amiga q n adianta se arrumar ou a amiga nova q pergunta demais??!! kkk

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  3. JÚ vc mente???...hum? han?.....ahhh eu nem sabia!!!! Essa historinha ou será estória??...ficou MARAAAA....Boa Jú Mentiraaa...

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  4. Gostei de novo. Lembrou-me muito um texto meu, se tiver paciência: http://naredeumcanto.blogspot.com/2009/12/eu-minto.html

    abraço

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